A chuva acerta a gente de repente
O vento chega gelado e suave
Sacoleja galhos, as folhas chiam
Estremecendo ao toque úmido das gotas assopradas
O cheiro da terra entre os tons de madeira
Preenchem o ar com o sabor dessa chuva
Tantos anos atrás preencheu também nossa vida
Acertou em cheio, inundou nosso coração
Um olhar imperfeito, bem mais-que-perfeito
Pela primeira vez nos encontramos nessa terra
Essa que um dia ousamos chamar de lar
E a tempestade nos deixou, assim como nós
Em uma noite escura, cada um em um canto
Arrastou-nos para perto
Um centro comum tão distante de nós mesmos
Sinto falta da chuva, do cheiro e do vento constante
E foi tudo assim, perdendo o encanto
Um adeus que nos acertou de repente
quarta-feira, 3 de dezembro de 2014
quinta-feira, 13 de novembro de 2014
Manhã lacônica
Desperto em sobressalto
Ela ao meu lado, aconchegada
Me aquecendo e protegendo
Nessa manhã escura e taciturna
Na madrugada, as nuvens escuras trouxeram a chuva
O banho, o café e a música me abrem os olhos
Um afago na cabeça e eu me despeço dela
As patinhas batem no chão e sapateiam
"Posso ir também?"
Mas não pode e explico
Não sei se entende, silenciam-se as patinhas
E eu me despeço dela
As pernas me carregam até a esquina
Paro, olho as horas e me pergunto:
"Pra quê?"
Meia volta e volto
Tanta dor e fraqueza
Me arrastam pelas escadas
Abro a porta e as patinhas me atingem
Cheias de um gracioso conforto
Eu desisti
Eu voltei
Eu vim ficar com ela
Ela ao meu lado, aconchegada
Me aquecendo e protegendo
Nessa manhã escura e taciturna
Na madrugada, as nuvens escuras trouxeram a chuva
O banho, o café e a música me abrem os olhos
Um afago na cabeça e eu me despeço dela
As patinhas batem no chão e sapateiam
"Posso ir também?"
Mas não pode e explico
Não sei se entende, silenciam-se as patinhas
E eu me despeço dela
As pernas me carregam até a esquina
Paro, olho as horas e me pergunto:
"Pra quê?"
Meia volta e volto
Tanta dor e fraqueza
Me arrastam pelas escadas
Abro a porta e as patinhas me atingem
Cheias de um gracioso conforto
Eu desisti
Eu voltei
Eu vim ficar com ela
sábado, 16 de agosto de 2014
A floresta (que é mente) e o monstro (que é belo)
Naquela densa floresta
Havia uma criatura
Não era, indubitavelmente, um monstro
Em verdade era belo
Mas assustava e desesperava
De uma maneira que nenhum outro ser conseguia
Você corria pela floresta
Para longe da criatura
Por entre galhos, saltando raízes
Até o lugar mais profundo
Distante, isolado, escondido e escuro
Nem sinal da criatura
Com alívio, você a esquecia
Feliz em meio ao seu muro arbóreo
Tempos passaram, o ser quase esquecido
Um barulho distante você ouviu
Um arrepio, o medo, as lembranças
A criatura voltou
Te encontrou no seu esconderijo
Transpassou o seu muro
Expôs novamente o seu temor, sua ira
Ressuscitou sua tristeza e sua agonia
Frente a frente e nenhuma palavra
Você não sabe o que dizer
O medo paralisa seus movimentos
O ser não fala uma única sentença
Parada à sua frente, a criatura apenas olha
Te observa, com olhos profundos incertos
"O que você planeja?
Por que não me deixa?
Por que não me quer?"
Nenhuma resposta
A criatura apenas te observa
As lembranças, as dores
A raiva e os pavores
Desenterrados das profundezas da densa floresta
A criatura apenas olha
Nenhum gesto, nenhuma palavra
Apenas faz ser lembrada
E então você corre
Uma nova fuga de esquecimento
No meio das profundezas e da escuridão
Mas você sempre a encontra
As vezes querendo
Outras vezes evitando
Horas é monstro
Horas é belo
Esse ser sempre te encontra
O muro nunca é denso o bastante
Não te impede de encontra-la
Não a impede de te encontrar
A criatura nunca desaparece
E então te perguntam:
"É o que você quer?"
Mas, a resposta, nem você sabe
Havia uma criatura
Não era, indubitavelmente, um monstro
Em verdade era belo
Mas assustava e desesperava
De uma maneira que nenhum outro ser conseguia
Você corria pela floresta
Para longe da criatura
Por entre galhos, saltando raízes
Até o lugar mais profundo
Distante, isolado, escondido e escuro
Nem sinal da criatura
Com alívio, você a esquecia
Feliz em meio ao seu muro arbóreo
Tempos passaram, o ser quase esquecido
Um barulho distante você ouviu
Um arrepio, o medo, as lembranças
A criatura voltou
Te encontrou no seu esconderijo
Transpassou o seu muro
Expôs novamente o seu temor, sua ira
Ressuscitou sua tristeza e sua agonia
Frente a frente e nenhuma palavra
Você não sabe o que dizer
O medo paralisa seus movimentos
O ser não fala uma única sentença
Parada à sua frente, a criatura apenas olha
Te observa, com olhos profundos incertos
"O que você planeja?
Por que não me deixa?
Por que não me quer?"
Nenhuma resposta
A criatura apenas te observa
As lembranças, as dores
A raiva e os pavores
Desenterrados das profundezas da densa floresta
A criatura apenas olha
Nenhum gesto, nenhuma palavra
Apenas faz ser lembrada
E então você corre
Uma nova fuga de esquecimento
No meio das profundezas e da escuridão
Mas você sempre a encontra
As vezes querendo
Outras vezes evitando
Horas é monstro
Horas é belo
Esse ser sempre te encontra
O muro nunca é denso o bastante
Não te impede de encontra-la
Não a impede de te encontrar
A criatura nunca desaparece
E então te perguntam:
"É o que você quer?"
Mas, a resposta, nem você sabe
terça-feira, 29 de julho de 2014
Palavras
Palavras que falam
Palavras prometem
Palavras não cumprem
Porque palavras
Palavras apenas são
Palavras mentem
E tem aquelas que não existem
Palavras que juram amor
Taciturnas palavras somem
Nos deixam no mais pleno silêncio
Palavras assim são
Palavras como uma decepção
Dizem adeus a um coração
Palavras prometem
Palavras não cumprem
Porque palavras
Palavras apenas são
Palavras mentem
E tem aquelas que não existem
Palavras que juram amor
Taciturnas palavras somem
Nos deixam no mais pleno silêncio
Palavras assim são
Palavras como uma decepção
Dizem adeus a um coração
sábado, 14 de junho de 2014
Lost heaven
Afundado em desgraças
Meu paraíso perdido
Destruído pela natureza que o mantém belo
Mas a vida insiste em lutar
Não desiste de existir
Meu paraíso perdido
Destruído pela natureza que o mantém belo
Mas a vida insiste em lutar
Não desiste de existir
quarta-feira, 4 de junho de 2014
Confusion
After all those years and so many battles
With the endless struggles following my steps
All those dreams buried down
In a place I can never reach
Losing everything for the wrong reasons
Wrong feelings and mistaken words
Losing everyone at every place
Nightmares won't let me forget
Everyone who broke my heart
In a million little pieces
Dispersed everywhere that I once lived
Remains with me my loveless pain
And the hurt sensation haunting me:
I'm exactly where I want to be
I just can't be
(de alguma outra noite de insônia cuja data não lembro)
sábado, 10 de maio de 2014
Imposição
E a imposição lhe caiu como uma pedra
Na cabeça, na costas, na vida
Tão sólida e real, que pesa e cansa sem nunca ser vista
Um pedaço de mundo duro e frio, tantas vezes indestrutível
A contradição da imposição:
Aceite essa rocha ingrata ou deite ao seu lado para sempre
Fique forte, carregue-a pela vida como algo que ama
E você só queria viver...
Adeus infância frágil, adeus passadas suaves do seu passado tão leve
O mundo agora é bem mais pesado
E no solo da vida as pegadas serão bem mais profundas
Cicatrizes, como fortes lembranças das rochas impostas
"I wear colors proud but stare me down
I've got a million scars to prove my pain
You think you know who I am
Try walking a mile in my shoes"
Na cabeça, na costas, na vida
Tão sólida e real, que pesa e cansa sem nunca ser vista
Um pedaço de mundo duro e frio, tantas vezes indestrutível
A contradição da imposição:
Aceite essa rocha ingrata ou deite ao seu lado para sempre
Fique forte, carregue-a pela vida como algo que ama
E você só queria viver...
Adeus infância frágil, adeus passadas suaves do seu passado tão leve
O mundo agora é bem mais pesado
E no solo da vida as pegadas serão bem mais profundas
Cicatrizes, como fortes lembranças das rochas impostas
"I wear colors proud but stare me down
I've got a million scars to prove my pain
You think you know who I am
Try walking a mile in my shoes"
terça-feira, 6 de maio de 2014
Princípio do indefinido
Um sorriso assustado
As palavras retidas naquele estado
Esquece o medo e a insegurança
Está tudo bem agora
E, enquanto isso, a Lua brilha lá fora
terça-feira, 1 de abril de 2014
Mistérios de Mercúrio
Sozinho ali no escuro
Quem sabe um dia encontrará o futuro nas cicatrizes do seu passado
(Frase usada em uma palestra sobre Mercúrio)
Quem sabe um dia encontrará o futuro nas cicatrizes do seu passado
(Frase usada em uma palestra sobre Mercúrio)
domingo, 2 de março de 2014
Insanidade ou consideração
E em alguns dias insanos jogou tudo fora
Os amigos, os amores, todos que verdadeiramente importavam-se
E assim encontrou a felicidade na solidão depressiva e na presença impermanente
Se arrependeu-se de tudo nós nunca saberemos
Em algumas partes ressentiu-se em vão
A parte que me convém jamais saberei
Penso se lhe devo um perdão
E a melodia tão desprezível do meu passado repete-se mais outra vez
Mais uma vez irônica e vazia
Como se uma, duas e mais já não bastassem
Parece ter esquecido dos tempos outrora necessários
Da dedicação nas noites chorosas e nos dias alegres
É a insanidade ocupando uma mente
Ou no final foi mesmo a pouca consideração
O esquecimento e a falta de questão
Mas continuo sem parte de mim
Pois eu não consegui esquecer
Os amigos, os amores, todos que verdadeiramente importavam-se
E assim encontrou a felicidade na solidão depressiva e na presença impermanente
Se arrependeu-se de tudo nós nunca saberemos
Em algumas partes ressentiu-se em vão
A parte que me convém jamais saberei
Penso se lhe devo um perdão
E a melodia tão desprezível do meu passado repete-se mais outra vez
Mais uma vez irônica e vazia
Como se uma, duas e mais já não bastassem
Parece ter esquecido dos tempos outrora necessários
Da dedicação nas noites chorosas e nos dias alegres
É a insanidade ocupando uma mente
Ou no final foi mesmo a pouca consideração
O esquecimento e a falta de questão
Mas continuo sem parte de mim
Pois eu não consegui esquecer
Assinar:
Postagens (Atom)